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Álvaro

A aldeia de Álvaro estende-se lânguida e serpenteante ao longo do viso de uma encosta sobranceira ao Rio Zêzere, acomodada na albufeira do Cabril. Avistada do alto da magistral paisagem que a circunda, parece uma alva muralha que guarda a passagem do rio. É uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto, ou seja, a sua base de construção é o xisto mas a sua evolução histórica incorporou o reboco. O que, no caso desta Aldeia, indicia que teve um passado de grande importância na região e também de alguma riqueza económica.

O seu rico património religioso atesta que esta foi uma povoação importante para as ordens religiosas. Uma ou outra casa tem a cruz da Ordem de Malta que testemunha a sua posse. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta Aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista. Em termos de lazer pode banhar-se na piscina flutuante da albufeira do Cabril, ou simplesmente deixar-se ficar no miradouro junto à Igreja Matriz inspirando a paisagem ondulante de montes e serras que se estende até à Estrela. Se quiser informações mais detalhadas pode obtê-las no Posto de Informação Turística onde em breve funcionará também a Loja das Aldeias do Xisto. Lá, certamente o aconselharão a provar o cabrito estonado, uma das especialidades gastronómicas do Concelho de Oleiros.

 

Geografia

Verdadeiro promontório, outrora de muito difícil acesso, Álvaro faz contrastar o seu casario branco com o fundo verde do pinhal, estendendo-se pela linha de cumeada ao longo da crista que se ergue sobre o Rio Zêzere. Sob duas pontes de pedra, uma das quais será provavelmente romana, passa a Ribeira de Alvelos ou Rio d’Álvaro, que abraça a margem esquerda do Zêzere.

Património

O rico património religioso de Álvaro reza de sete Capelas – Santo António, S. Sebastião, Nossa Senhora da Nazaré, Misericórdia, S. Gens, Nossa Senhora da Consolação e S. Pedro- das quais cinco se encontram dentro da povoação, e duas na zona envolvente. Contam-se ainda mais dez capelas na freguesia de Álvaro e no interior de cada uma guarda-se um importante acervo religioso. Em redor da aldeia, os caminhos dos viandantes são bordejado por inúmeras alminhas, que recordam a passagem efémera de todos nós neste mundo, convidando-nos a rezar pelas almas que esperam para entrar na glória celeste.

História

Nos finais do século XII, Álvaro parece ainda não existir como povoação mas a sua fundação terá surgido algum tempo depois, com a construção de um Castelo na linha de defesa contra os Mouros. Lutava-se ainda pela consolidação da Reconquista Cristã na Península Ibérica. O povoamento de Álvaro ficou a dever-se a um cavaleiro que, depois de ver o inimigo afastado, tomou o castelo como casa. Esta ficou à guarda de um seu criado, de nome Álvaro Peres, incumbido também de povoar e defender o sítio.
Ao longo do século XIV a posse da Comenda de Álvaro foi disputada entre o Rei e a Ordem de Malta; D. Afonso V faz dela doação ao Senhor de Trofa. Em 1513, D. Manuel dá-lhe foral novo. Posteriormente veio a pertencer à Casa de Marialva, mantendo porém a Comenda da Ordem do Hospital. A reforma administrativa do século XIX integrou-a como freguesia no Concelho do Fundão e, mais tarde, no de Oleiros.

Gastronomia

Nas “Memorias da Villa de Oleiros” (1881), que após a reforma administrativa de 1836, passou a integrar a freguesia de Álvaro, Aldeia do Xisto, o seu autor D. João Maria Pareira d’ Amaral e Pimentel, dá ênfase ao facto de o solo desta freguesia ser “mais quente e productivo que o da freguezia de Oleiros, é de tal modo accidentado, e magro, que pouco mais produz que matos”. Os frutos principais eram o azeite e a castanha, nas encostas existiam medronheiros, encontrando-se no rio Zêzere uma fonte de subsistência, pois pescavam-se barbos de mais de 10 quilos de peso e grande quantidade de enguias. Já José Marçal, na obra “Álvaro Bosquejo Histórico”, diz-nos que os presuntos e enchidos dos porcos criados na Mata de Álvaro serem muito apreciados na corte de D. João V.

Maranhos

Bucho e carne de cabra ou de ovelha, arroz, azeite, presunto, chouriço, cebola, hortelã, limão, salsa, vinho branco. Lava-se o bucho em água fria e raspa-se para serem removidas as impurezas e esfrega-se com sumo de limão. As carnes são cortadas miudamente e misturam-se com o alho e sal. Depois junta-se o azeite, o arroz crú, o vinho branco mais a hortelã e a salsa, bem picadas. Este preparado é metido nos buchos, mas não na totalidade porque o arroz cresce durante a cozedura. Com uma agulha e uma linha fecham-se as aberturas dos buchos. São postos a cozer em água temperada com sal. Acompanham com batatas cozidas às rodelas e salada.
Receita obtida junto da Sra. D. Maria do Carmo
Descubra mais receitas desta aldeia na Carta Gastronómica das Aldeias do Xisto.

É curioso

Conta-se que o nome de Álvaro provém do criado chamado Álvaro Pires que terá ficado “encarregado de defender e povoar o sítio “ (Pimentel, 1881) e que terá dado o nome à povoação. Mesmo acreditando que seja essa a origem, importa saber que a palavra “Álvaro” significava em português antigo “Álamo” ou “Choupo branco”, sendo assim muito provável que o seu nome tenha essa origem.

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